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O elo invisível da eficiência no varejo

21/10/2025 • Última actualización 1 Mes

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Inovação, tecnologia, análise de dados e aplicabilidade no dia a dia do negócio. Todos esses fatores são fundamentais para o crescimento do varejo supermercadista moderno. Porém, há um detalhe por trás de todos eles, que impacta diretamente na eficiência operacional. O grande problema é que muitas vezes ele não é um ponto focal do planejamento do negócio: a organização dos estoques. Para além de um simples detalhe técnico, ela é a sustentação da competitividade.

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"Longe de ser apenas um detalhe operacional, a desordem dentro de armazéns e centros de distribuição pode se tornar um dos maiores vilões ocultos da competitividade. Produtos fora do lugar, ausência de padronização e fluxos de movimentação mal planejados geram um efeito cascata de desperdícios. São perdas silenciosas de tempo, de mão de obra e de dinheiro, que corroem margens sem que muitos gestores percebam a real dimensão do problema", analisa Roberto Bayer, gestor comercial da Netmak Empilhadeiras.

Além das perdas citadas por Roberto Bayer e seus impactos na rentabilidade, outro efeito merece destaque. Um estoque problemático também causa impacto na capacidade de resposta do negócio tanto frente às demandas de mercado, quanto aos consumidores.

"Dados internacionais reforçam a gravidade da questão. Segundo levantamento da Tetrisize, ineficiências em processos de armazenagem, que vão de layouts inadequados a falhas na movimentação, podem aumentar em até 30% os custos de mão de obra. Em escala global, as perdas relacionadas à má gestão de estoque, uso incorreto do espaço e erros de expedição somam aproximadamente US$ 1,5 trilhão por ano. Esse número escancara o quanto a negligência em relação à organização impacta diretamente a saúde financeira e a sustentabilidade de operações logísticas", ressalta o gestor comercial.

Varejo abastecedor: um dos mais afetados

Para quem acredita que a realidade destacada por Bayer não se aplica ao modelo brasileiro, os números comprovam o equívoco. A edição mais recente Estudo de Perdas no Varejo Brasileiro, realizado pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), em parceria com a KPMG, revelou dados expressivos sobre o impacto do problema. Falhas como contagens incorretas, furtos, quebras e erros administrativos representam, em média, 1,51% do faturamento líquido do setor. Ou seja, o varejo nacional, em valores absolutos, perdeu mais de R$ 30 bilhões no período, o equivalente a uma média de quase R$ 4 milhões por hora em produtos e receitas que deixam de ser convertidas em resultado.

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Especificamente no recorte sobre super e hipermercados, revela-se outra preocupação, sendo dois dos segmentos mais impactados. Em um setor com uma operação dura como o caso do varejo supermercadista, cujas margens são extremamente apertadas, a desorganização cobra um preço alto. Os supermercados registraram um índice médio de 2,50%, enquanto os hipermercados apresentaram 2,03% de perdas sobre o faturamento. Esses números reforçam os desafios de um setor de alta rotatividade de produtos, margens reduzidas e forte pressão por eficiência operacional.

Segundo a pesquisa da Abrappe, as principais causas de perdas no varejo brasileiro, que concentram 84% do total, estão ligadas a três fatores:

  • Quebras operacionais: avarias, produtos vencidos, falhas de manuseio e exposição inadequada;

  • Furtos internos e externos: praticados por funcionários, clientes ou fornecedores;

  • Erros de inventário: falhas na contagem, registros incorretos e divergências entre sistemas e estoque físico.

Impactos não estão apenas em rentabilidade

Para além do impacto financeiro, a falta de controle e padronização cria outros problemas em processos, gestão e impacta, inclusive, a jornada de compra dos consumidores, como aponta Bayer: "Afetam desde o planejamento estratégico até a experiência do cliente. Esse volume mostra que, além do prejuízo imediato, a desorganização mina a confiança nos processos e compromete a tomada de decisão".

O gestor comercial também faz um alerta sobre a forma de enxergar o problema. Tratá-lo de forma equivocada, como uma questão física e não de planejamento, que envolve processos, capacitação de equipes e uso correto de tecnologia, só tende a ampliar as falhas: "Há quem argumente que a falta de espaço físico é a principal responsável pelo caos nos estoques. No entanto, esse raciocínio ignora que o problema central está menos na metragem e mais na ausência de gestão estratégica. Espaços maiores não significam necessariamente operações mais eficientes. Sem processos bem estruturados, padronização e equipamentos adequados, o que se amplia não é a capacidade, mas sim a margem de erro. A chave está em enxergar o estoque como parte vital do planejamento logístico e não como um simples depósito de mercadorias".

Investir em organização, tecnologia e aprimoramento de processos é o único modo de reverter o cenário. Porém, é preciso mudar a forma de encarar o problema, como explica Roberto Bayer: "O caminho para reverter esse quadro passa por investimentos inteligentes em organização, tecnologia e desenho de processos. A busca por acuracidade no inventário, somada a fluxos de movimentação otimizados, reduz custos, aumenta a produtividade e fortalece a competitividade. Mais do que liberar espaço físico, trata-se de liberar a empresa dos gargalos invisíveis que drenam resultados. Reconhecer a desorganização como um problema estratégico, e não apenas operacional, é o primeiro passo para transformar o estoque de um centro de custos ocultos em um ativo de valor para o negócio".

O cenário atual não apenas acende um alerta, mas indica uma grave realidade que precisa ser enfrentada. Investimento em gestão de estoques, tecnologia e processos não deve ser encarado como um custo, mas como uma necessidade para alcançar a melhor eficiência operacional e, consequentemente, minimizar perda de faturamento.

Para o varejo supermercadista, com operações cada vez mais dinâmicas e consumidores exigindo agilidade e disponibilidade de produtos, a competência na gestão de estoques é decisiva. A prevenção de perdas é um pilar fundamental para sustentar margens saudáveis, garantir o abastecimento contínuo e oferecer uma experiência de compra eficiente e segura aos consumidores.

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