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O segredo por trás do sucesso: ASSERJ te conta tudo sobre o “Ouro Branco” da Verde Campo

03/10/2025 • Última actualización 2 Meses

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A ASSERJ visitou, na última quarta-feira, 1º de outubro, o lar de uma das marcas referência em alimentação saudável no varejo supermercadista fluminense: a Verde Campo. Na bucólica cidade de Lavras, em Minas Gerais, as portas da fábrica escondem um universo de excelência, tecnologia, trabalho e, principalmente, valores de uma cultura que é representada de forma fidedigna nas gôndolas.

De Minas ao Rio: a origem da Verde Campo

Verde Campo - Fachada 2

A marca surgiu da união de um tripé: empreendedorismo, inovação e visão de oportunidade. Alessandro Rios, o fundador da Verde Campo, iniciou sua trajetória como um revendedor de laticínios para redes supermercadistas do Rio de Janeiro até ser provocado por um de seus clientes: “Por que você não faz uma marca própria para mim?”. Essa pergunta foi a faísca necessária para fazer surgir algo que se tornaria um colosso da indústria de alimentação saudável no Brasil.

Como brincam os cerca de 600 colaboradores nos corredores da fábrica de pouco mais de 10 mil m², em Lavras, no sul de Minas Gerais: é a marca mineira, com alma carioca. E essa relação não foi apenas o ponto de origem da Verde Campo, foi também o motor de crescimento, já que o início das vendas dos novos produtos foi, justamente, no Rio de Janeiro, com destaque para as lojas do Hortifruti e do Zona Sul. Esse vínculo com o estado se ampliou e mantém relevante até hoje, mesmo com a expansão interfronteiriça da marca, que hoje conta mais de 80 SKU’s.

“Estamos presentes em cerca de 10 mil lojas pelo país afora”, destaca Fábio Ferreira, CEO da Verde Campo.

Aliás, falando da fábrica da empresa, ela é o retrato de uma indústria empreendedora, que busca crescer de forma planejada e financeiramente saudável, como explica o CEO: “Ela (fábrica) foi crescendo aos poucos. Comprava-se um terreno ao lado, derrubava-se a parede e expandia-se. Até que chegou no rio. Então expandimos para o outro lado”.

Como menciona Fábio Ferreira, em tom bem-humorado, a empresa tem uma Ferrari guardada numa casa de bairro. Por quê? Porque mesmo em uma planta com crescimento gradual, os equipamentos, principalmente da linha de iogurtes e da fabricação do queijo cottage, são muito potentes, de alta tecnologia e extremamente automatizados.

Verde Campo - Fábio Ferreira

“Adoramos receber visitantes aqui, mas já avisamos, não é uma ‘casa instagramável’. É uma empresa moderna, mas com jeitinho de interior, e essa é a nossa essência: simplicidade e tecnologia andando juntas”, pontua Fábio Ferreira.

A relevância da Verde Campo é ratificada pela sua história. Em 2016, atraiu a atenção da Coca-Cola, que comprou a operação. A gigante internacional fez importantes investimentos para um passo essencial na cultura da Verde Campo: a migração para ingredientes 100% naturais, sem conservantes, com aromas e corantes naturais.

Em 2024, a Coca-Cola colocou revendeu sua participação. Hoje, a composição societária da marca tem o próprio fundador, Alessandro Rios, a Laticínios Porto Alegre, e a Emmi Group (sócia majoritária), indústria suíça com presença global. Esse triunvirato é o futuro da indústria, segundo o CEO: “Posso dizer que a Verde Campo nunca esteve em melhores mãos. A Coca-Cola foi importante, mas não era a essência da marca. Hoje, temos um equilíbrio: a inovação do Alessandro, a força da Porto Alegre no leite e a tecnologia e governança da Emmi. É inspirador pensar até onde podemos levar a Verde Campo com essa mentalidade global e olhar regional”.

Do campo à mesa: a essência do “Ouro Branco” convertida em produto

A palavra literalmente é uma das mais banalizadas da língua portuguesa. Porém, quando falamos da Verde Campo, ela é bem utilizada. O slogan da marca é literal: do campo à mesa do consumidor.

Tudo começa com o fornecimento de leite. Ao todo, são mais de 100 produtores parceiros, todos num raio de cerca de 150km da fábrica, o que garante o frescor. No mesmo dia em que há a ordenha, o produto chega à fábrica. E, engana-se quem pensa que a Verde Campo se dá por satisfeita apenas com a agilidade. A marca realiza inúmeros testes de qualidade em todo o processo de produção, desde a chegada dos 140 mil litros de leite por dia à entrega do produto final.

“Temos todo um sistema de homologação dos fornecedores, com o time de captação de leite, para garantir que eles sejam auditados periodicamente. As auditorias seguem duas métricas principais: bem-estar animal e qualidade técnica do leite. Esses são dois pilares muito fortes que defendemos. A partir disso, vem o processo produtivo e seus testes específicos”, expõe Fábio Ferreira.

Verde Campo - Matheus

Mateus Nascimento, gerente industrial da Verde Campo, complementa: “Ao chegar aqui, o leite entra em um processo bastante rigoroso de qualidade para iniciar o processo de descarregamento. Pesagem, lavagem e coleta e análise do leite e sua temperatura. Depois entra no processo de análises laboratoriais, quantitativas e qualitativas. Depois disso, estando tudo em conformidade, o operador da plataforma recebe a validação da equipe de controle de qualidade e se inicia o processo de descarregamento. O processo dura em torno de uma hora para um caminhão de 15 mil litros, graças a nossa equipe e aos equipamentos de alta tecnologia que temos".

Maria Alice, engenheira de alimentos, conclui: “Fazemos o rastreamento dos nossos caminhões que realizam o transporte. É o que chamamos de “Ouro Branco”. O nosso leite é tão bem tratado, mas tão bem tratado, que precisamos monitorar e rastrear ele do início ao fim. É um processo de padronização extremamente rigoroso. Valorizamos o nosso leite, porque tudo começa com ele. É o que os grandes produtores rurais sempre reforçam: com um leite bom, você faz qualquer coisa. Com um leite ruim, você não faz absolutamente nada. É por isso que mantemos essa cadeia tão bem estruturada”.

Além de todos os testes laboratoriais, um processo humano se destaca: a análise sensorial. Absolutamente todos os lotes produzidos na fábrica são experimentados para validação final. Até porque, como representa uma das máximas da empresa: quem conhece Verde Campo, vive Verde Campo. Ou seja, todos os colaboradores estão cientes do tipo de produto a ser ofertado e são o crivo final do selo de qualidade, como elucida Samara Airão, coordenadora de produção: "Diariamente o controle de qualidade degusta os produtos fabricados no dia anterior. Isso acontece em união com as equipes de produção e controle de qualidade, para que tenhamos desde o processo de envase. Analisamos e avaliamos se buscamos outras visões, em caso de uma não conformidade, ou se seguimos com a avaliação feita".

Verde Campo - Samara

"Avaliamos sabor, textura, coloração. Se houver algum desvio que acreditamos que possa comprometer a qualidade do nosso produto, comunicamos à gestão e produção e aumentamos o comitê de análise para tomar a decisão final e definimos a melhor destinação, se será descarte, por exemplo", completa Roseli de Fátima da Silva, colaboradora da área de experiência sensorial.

Para os que acreditam que o meticuloso processo, muito além do já exigido por legislação, pode gerar certa lentidão de produção, o que ocorre realmente é o extremo oposto. Com uma linha de fábrica integrada e ágil, a Verde Campo registra números que saltam os olhos. Com crescimento de 30% ao ano, no último mês de setembro a indústria bateu seu recorde de vendas e de produção.

“Previamente, a Verde Campo utiliza critérios ainda mais exigentes. Somos mais rigorosos, principalmente, nos padrões de proteína, que são a base dos nossos produtos, afinal, todos eles são proteicos. Infelizmente, se o leite não estiver dentro do padrão, ele não pode ser utilizado aqui e devolvemos a matéria-prima para o produtor rural”, ressalta Maria Alice.

“Viver Verde Campo”: a cultura em uma frase

A saudabilidade não é apenas uma questão de portfólio: é cultura. Resumida em uma frase específica “Viver Verde Campo”. Pelos corredores, se enxerga um mar de camisas verdes. Todos os funcionários levam ao pé da letra a ideia de vestir a camisa da empresa.

“Sou um aficionado por cultura de empresa. Tem a frase atribuída a Peter Drucker: ‘A cultura come a estratégia no café da manhã’. Eu não desmereço o Drucker, aliás, o tenho como mentor, mas penso diferente: a cultura é a estratégia”, frisa Fábio Ferreira.

A cultura na indústria flui de forma natural. A ideia principal do pensamento por trás da construção da identidade da marca reside no fato de que, se o colaborador não entende a essência da companhia e o que é saudabilidade, será difícil replicar isso em toda a cadeia. Como exemplifica o CEO: “Não acredito que um vendedor de cerveja não beba cerveja. Nem que um vendedor de vinho não beba vinho. Da mesma forma, quem está na Verde Campo precisa viver o que vende”.

A empresa incentiva colaboradores a praticarem atividade física regularmente, com iniciativas, por exemplo, de ginástica laboral simples, mas transformadora. Ainda há promoção de hábitos alimentares saudáveis e, principalmente, o reforço a ideia de que alimentação é acolhimento, não segregação, parte de uma estratégia que a Verde Campo ambiciona construir também nas gôndolas: vida saudável e alimentação equilibrada são para todos.

Além disso, a gestão da indústria foca também no bem-estar mental de funcionários.

“Não adianta falar de saúde física e ter colaboradores afastados por burnout. Temos rodas de conversa, especialmente para líderes. Queremos alta performance, sim, mas com empatia. Se um colaborador disser que está sobrecarregado e o líder ignorar, tudo desaba. Por isso, nossa tríade é: atividade física, alimentação e saúde mental. Não é fácil, nem perfeito, mas é verdadeiro. E o que é verdadeiro, conseguimos equilibrar”, enfatiza Fábio Ferreira.

Desenvolvimento de produtos: propósito com sabor e saúde

A elaboração do portfólio de produtos da Verde Campo passa, na verdade, por um grande mindset que a empresa se estrutura para montar: a marca não segue estereótipos, ela é para quem quer mudar o estilo de vida, sem julgamentos, com acolhimento. Para isso, a indústria possui princípios inegociáveis no desenvolvimento de itens. Saudabilidade, apelo nutricional, rótulo atrativo, ingredientes 100% naturais e, evidentemente, gosto para conquistar o paladar de consumidores.

Verde Campo - Fábio Ferreira 2

“Nos preocupamos muito com esse viés do sabor. Hoje vemos muita coisa saudável no mercado, mas, sinceramente... você coloca na boca e, no meio, já não aguenta mais. Acreditamos que não é por aí. Alimentação saudável precisa ser prazerosa, precisa ser motivacional”, descreve o CEO da Verde Campo.

Por conta desses princípios, o time de Pesquisa & Desenvolvimento da marca participa do Fórum de Inovação da empresa, grupo interdisciplinar, que aborda a elaboração de produtos e realiza testes sensoriais. Se o item não passar, é imediatamente cortado. Maria Alice, engenheira de alimentos, ratifica: “Fazer produto saudável já é um desafio, agora, fazer produto saudável e gostoso é um desafio ainda maior. E isso exige também um nível de adequação por parte dos nossos fornecedores. Por exemplo, tudo que precisa vir de uma indústria parceira precisa de garantias de processamento em linha separada, sem risco de contaminação cruzada e sem aditivos que comprometam a naturalidade do ingrediente. Todos os produtos que recebemos vêm acompanhados de laudos de qualidade, e nós ainda realizamos uma nova verificação aqui dentro da fábrica antes de qualquer liberação”.

Ciente da realidade de hábitos alimentares irregulares e não saudáveis da maioria dos consumidores, a Verde Campo entende que não basta o convencimento sobre a importância da saudabilidade, é preciso um trabalho gradual de introdução de novos elementos para mudar paladares e pensamentos, para cuidar, como classifica o CEO da marca, o principal patrimônio que todos temos, nossos corpos: “É aí que entra a Verde Campo, como uma marca acolhedora, que apoia nessa jornada. Está tudo bem se você não fez esse movimento até agora. Mas juntos, vamos começar a fazer”.

Portfólio e posicionamento de marca: saudabilidade com valor real

Verde Campo - Linha de Produtos

Para a Verde Campo, o principal concorrente não é necessariamente uma outra indústria, mas um conceito: quem conta uma história bonita, mesmo sem ser verdadeira. A visão da necessidade de confirmação de valores, inclusive, é um dos motivos das portas da fábrica estarem abertas para parceiros que desejem conhecer de perto a operação.

E para corroborar com a autenticidade necessária para converter discurso em valor real, a marca aposta sempre em estratégias autorais, evitando, por exemplo, o uso de personagens licenciados. A intenção, conta Fábio Ferreira, não é fomentar o consumo baseado em figuras, mas em valores: “Poderíamos vender 10 vezes mais com um personagem da Disney, mas queremos vender com propósito. Se um dia tivermos um personagem, ele refletirá os valores que queremos passar”.

Verde Campo - Maria Alice

O pioneirismo na atuação no segmento de saudabilidade garante autoridade no assunto, mas é preciso demonstrá-la, como quando a empresa lançou a linha “LacFree”, em meados da década passada, quando poucas pessoas falavam sobre esse tipo de temática no Brasil.

Quanto aos SKU’s, hoje a empresa tem mais de 80 produtos ativos, divididos em linhas para os mais variados públicos, do adulto ao infantil (segmento que a marca promete novidades), daqueles que procuram ganho de massa muscular ao cuidado direto com saúde.

Sobre o atual cenário do segmento de saudabilidade, Maria Alice questiona: “Percebemos que o mercado está cheio de produtos com ‘proteína’ no rótulo, mas nem sempre de qualidade. Por isso, a Verde Campo vem trazendo essa discussão: qual é a qualidade da proteína que você consome?”

Nesse ponto, a gerente de alimentos da empresa destaca que, para esse processo, a parceria com o varejo supermercadista se mostra fundamental, com toda a parte de exposição dos produtos no PDV, em trabalho dos times de trade marketing e merchandising, garantindo que os produtos estejam bem posicionados e explicados nas gôndolas.

Escuta ativa: olhar atento para oportunidades

Um outro grande destaque das estratégias da Verde Campo foi a criação do “Espaço da Nutri”. A estratégia incentiva que nutricionistas se cadastrem em um sistema integrado. Essa relação é uma via de mão dupla. Se por um lado os profissionais recebem novidades, informações e participam de ativações feitas pela marca, eles também fornecem visões e opiniões profissionais e sobre desejos de clientes, o que ajuda ativamente a indústria a desenvolver produtos.

Para dar dimensão da evolução do “Espaço Nutri”, o Brasil hoje conta com cerca de 202 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Nutrição (CNF). Já no cadastro da Verde Campo, são 25 mil profissionais, cerca de 12% do total nacional.

Verde Campo: saudabilidade como introspecção

Quem se permite conhecer a operação da Verde Campo não tem como passar pela roleta de saída sem a certeza de que a grande missão da marca é não apenas apresentar seus produtos como saudabilidade, mas como incentivos a reflexão sobre estilos de vida e necessidades de autocuidado.

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