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Perdas: mais do que vigilância, é preciso estratégia! Vem saber

02/07/2025 • Última actualización 5 Meses

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Diante de um cenário marcado por inflação persistente, juros elevados e alto endividamento das famílias brasileiras, o varejo supermercadista enfrenta uma conjuntura especialmente desafiadora. Qualquer perda operacional — seja por furto, falhas logísticas ou de planejamento — pode comprometer seriamente a rentabilidade. A eficiência tornou-se, mais do que nunca, uma condição essencial para a sustentabilidade do setor.

A 8ª Pesquisa Abrappe de Prevenção de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) em parceria com a KPMG, traz dados que acendem um sinal de alerta, especialmente para o segmento supermercadista. Apesar de a média geral de perdas no varejo ter caído para 1,51% em 2024 — o que ainda representa cerca de R$ 36,5 bilhões em prejuízos — os supermercados destoam dessa tendência.

O setor registrou um aumento de 25% no índice de perdas em relação ao ano anterior, passando de 1,91% para 2,39%. O principal responsável continua sendo o furto, que responde por 31,19% das perdas totais — agravado por processos operacionais ineficientes. O atacarejo, outro segmento sensível do setor, também apresentou crescimento preocupante: alta de 48,10% nas perdas totais e 48,82% nos furtos, impulsionada pela ampliação de serviços e maior exposição ao consumidor final.

Para Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe, o avanço das perdas está diretamente ligado a fatores como aumento de furtos, fraudes em caixas registradoras e falhas nos processos internos. “O varejo está em constante transformação e, por isso, a área de prevenção de perdas tem ganhado cada vez mais espaço, de forma ampliada e transversal. A adoção de tecnologias, o uso mais frequente de ferramentas de IA, o treinamento das equipes e estratégias inteligentes são decisivos para mitigar riscos e reduzir impactos financeiros”, afirma.

O que fazer? A resposta é clara: agir.

De acordo com especialistas, combater perdas exige mais do que vigilância — exige estratégia. “Prevenir é mais barato do que remediar. Perdas são resultado de falhas: de processos, de controles, de cultura. E nenhuma falha se resolve com improviso. Por isso, o primeiro passo é colocar a prevenção de perdas no plano estratégico da empresa”, recomenda Santos.

O caminho começa com metas claras, integração de indicadores de perdas nos dashboards da diretoria, definição de responsabilidades por área e realização de auditorias frequentes. “Prevenção de perdas não é responsabilidade apenas da segurança ou do fiscal de loja — é de todos os colaboradores”, reforça o presidente da Abrappe.

Outro pilar essencial é a capacitação das equipes. “Você pode ter a melhor tecnologia do mundo, mas sem pessoas treinadas e conscientes, ela será mal utilizada — ou até burlada”, alerta Santos. Investir em treinamentos contínuos e fomentar uma cultura de responsabilidade são ações fundamentais. Operadores de caixa, por exemplo, estão na linha de frente dos riscos e devem ser orientados sobre erros operacionais e fraudes recorrentes.

A tecnologia, quando bem aplicada, também exerce papel decisivo. Soluções como automação da frente de caixa, cofres inteligentes, sistemas EAS, CFTV, business intelligence e auditoria automatizada ajudam a identificar rapidamente padrões de perdas. Mas, como ressalta o presidente da Abrappe, “tecnologia sem processo bem definido é desperdício”.

Para que o varejo supermercadista cresça com rentabilidade, é preciso romper com a ideia de que perdas são inevitáveis. A mensagem da pesquisa é clara: as perdas são evitáveis — desde que haja decisão, disciplina e estratégia.

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