
Consumo do arroz em 2025: vem entender as tendências!

A queda acentuada do preço do arroz no Brasil já começa a se refletir no varejo supermercadista, trazendo alívio temporário na negociação dos supermercadistas. A saca de 50 kg, que no início de setembro era negociada a R$ 65, já chega a R$ 58 em algumas indústrias de Santa Catarina, valor abaixo do custo de produção.
“A queda do preço da saca no campo tende a refletir em preços mais baixos para o consumidor no varejo, ao menos no curto prazo. A tendência é encontrar arroz mais barato e com promoções nos próximos meses, mas esse alívio pode ser temporário caso a próxima safra seja menor ou o governo altere políticas de importação e exportação”, explica um economista e professor da FGV.
Para os produtores, o momento é de apreensão. “Enquanto os custos com embalagens e insumos seguem em alta, o valor da saca de arroz continua em queda, pressionando as margens de lucro tanto do produtor quanto da indústria. Esse desequilíbrio compromete a sustentabilidade da cadeia e desmotiva quem está na base da produção”, alerta Walmir Rampinelli, presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC).
Vale destacar que o Índice de Ruptura da Neogrid, que mede a falta de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros, terminou julho em 12,2%, abaixo dos 13,6% de junho. Entre os itens que mais contribuíram para essa melhora estão alimentos essenciais, como o arroz.
O estudo aponta ainda que, no varejo, os preços também registraram queda. O arroz branco passou de R$ 5,76 para R$ 5,69 por quilo, e o arroz integral recuou de R$ 5,28 para R$ 5,16. Já o arroz parboilizado foi o único tipo que teve aumento, subindo de R$ 10,72 para R$ 11,10 por quilo.
Em entrevista à Agência Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, destacou o arroz como protagonista da deflação. “Quem pagava no ano passado cinco quilos por R$ 30, R$ 28 ou R$ 27, hoje paga entre R$ 15 e R$ 18”, afirmou, reforçando que a tendência de preços atrativos deve continuar.
Arroz perde espaço nas refeições brasileiras
O consumo de arroz na mesa dos brasileiros registrou queda de 4,7% no primeiro semestre de 2025, segundo pesquisa da Scanntech, mesmo diante da redução expressiva nos preços do alimento.
A retração reflete mudanças nos hábitos alimentares. “A população vive uma rotina cada vez mais corrida, na qual praticidade e conveniência determinam as escolhas dos shoppers. Eles buscam alternativas financeiramente vantajosas que facilitem o preparo de refeições rápidas, simples e saborosas. Com a crescente adesão a uma alimentação mais saudável, o comportamento de consumo se transforma, impactando itens que antes eram rotina. Esse é o momento ideal para as marcas inovarem, oferecendo produtos alinhados a esse novo cenário”, explica Priscila Ariani, diretora de marketing da Scanntech.
Paralelamente, as vendas de pratos prontos avançaram 6,5% no varejo alimentar no mesmo período. Além disso, cresce a preferência por receitas com saladas, proteínas e produtos congelados, substituindo preparações mais tradicionais, como arroz com feijão.
O perfil das famílias brasileiras também contribui para a mudança, diz Priscila Ariani. "O aumento do número de pessoas que vivem sozinhas e o endividamento familiar, intensificado por gastos com apostas online, alteram os padrões de compra."
Dados da Embrapa reforçam essa tendência de longo prazo: de 1985 a 2023, o consumo per capita de arroz caiu de 40 kg para 28,2 kg, enquanto o de feijão recuou de 19 kg para 12,8 kg.
“Mais do que acompanhar preços, o supermercadista precisa observar hábitos e preferências do consumidor. Investir em conveniência, produtos saudáveis e prontos para consumo é a chave para manter vendas consistentes em um mercado em constante transformação”, Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ.
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