
"Se o cliente é multicanal, o vendedor também precisa ser", a revolução poderosa do Live Commerce, em bate-papo mediado por associado da ASSERJ. Saiba quem!

O palco Conecta Varejo, da ASSERJ, trouxe, nesta terça-feira, 12 de agosto, um dos temas mais promissores e transformadores do varejo moderno, a nova fronteira das vendas: o Live Commerce. De transmissões em canais de TV à revolução digital, a modalidade transforma, desde a década de 90, o relacionamento entre marcas e consumidores. Em uma verdadeira viagem no tempo, do passado televisivo aos aplicativos do presente e às tecnologias do futuro, o palco do nosso setor mostrou, na conversa entre Rodrigo Farah, head de marca, mídia e social commerce da Shopee, e o lendário Ciro Bottini, do Shoptime, referência no varejo televisivo brasileiro, como o ato de vender se reinventa sem perder o cerne de sua essência: encantar o cliente. Agora, porém, ampliado pelo comportamento do consumidor digital e seu potencial de engajamento e conversão.
E esse encontro foi mediado por Paulo Drago, CEO Hortifruti Natural da Terra, o que reforça a representatividade dos associados ASSERJ no Rio Innovation Week / Conecta Varejo e destaca a importância e força do nosso setor.
Live Commerce: uma revolução veloz e poderosa
Segundo Rodrigo Farah, o Live Commerce já é realidade consolidada no Brasil, com resultados impressionantes: "Hoje, na plataforma, mais de 90% de todas as vendas que acontecem no aplicativo por dia são de vendedores brasileiros. De vendedores brasileiros para consumidores brasileiros. E um outro ponto é que a gente já bateu três milhões de vendedores brasileiros cadastrados no nosso aplicativo. Tudo isso em menos de cinco anos desde a chegada da Shopee ao Brasil. Mais de um terço da população brasileira entra em nosso aplicativo todo mês pra fazer suas compras, assistir uma live, procurar o melhor benefício".
"Nós temos um site, só que 95% das vendas acontece no nosso aplicativo. E dessa forma, conseguimos oferecer uma experiência de compra muito mais simples, mais intuitiva, e com melhores ferramentas para o usuário poder fazer a sua organização. Nosso branding é muito forte, fazemos personalizações com estratégias hiperlocalizadas. Nós trabalhamos com grandes embaixadores, como por exemplo, a Xuxa, a Ludmila, o Terry Crews, o americano mais brasileiro de todos", prosseguiu Farah.
O head de marca, mídia e social commerce da Shopee ainda destacou: "Na nossa plataforma, vendedores aumentam vendas em 10x em dias de lives versus dias sem live. Temos cases que chegam a ter 1000% de aumento no faturamento em uma live, às vezes sem celebridades, sem ninguém famoso, só pelo fato de trocar interações com o usuário ao vivo. Vemos, na prática, que as vendas realmente aumentam bastante. Hoje, tem basicamente três tipos de lives dentro da nossa plataforma. A primeira é a do perfil oficial. Na sexta passada, por exemplo, o Ciro Bottini fez uma live de duas horas conosco. Ele conseguiu 104 milhões de likes. Isso é uma maneira de engajar. Promovemos também um desafio geral, que quanto mais lives o cliente assistir, um desconto novo acaba sendo liberado pelo usuário. Aí eu faço comparação, quantos canais de televisão existem por aí? Na Shopee você vai encontrar lives de eletrônico, de moda, de produtos para casa, de tudo. Já contamos com mais de 5 bilhões de visualizações e 30 bilhões de lives. O número de visualizações é maior do que o de engajamento. Esse é o funil normal do marketing, só que não no Live Commerce. Eu posso afirmar, sem dúvida, que é a ferramenta com maior potencial de engajamento em qualquer aplicativo de marketing. Temos uma taxa de seis lives para cada visualização. Esse é o potencial de engajamento, de como as pessoas se engajam mesmo ali, e não só compram, o Live Commerce pode ser um grande aliado para construir comunidades e para aproximar o usuário da marca".
"Uma câmera e um microfone. Pronto, posso fazer a minha live no meu Instagram, plugada na plataforma. Tem que fazer. Porque é mais um canal de vendas. Não será o único. Mas é mais um canal de vendas. Um canal que proporciona chegar perto do cliente. Isso é hábito. Uma empresa para vender mais tem que ter vários canais de contato com o cliente. É preciso apresentar algo diferente daquilo que você já mostra no dia a dia. Produto novo, a curadoria de produtos é fundamental, você pode fazer uma live maravilhosa, bem iluminada, com um vendedor que fala bem, mas se o produto estiver errado, mal precificado, não vai vender. Tem que entregar algo diferente na sua live, com algumas ofertas também diferentes, e recompensas", pontuou Bottini.
Paulo Drago concluiu: "Com o Live Commerce, você consegue eliminar uma série de barreiras que talvez numa página você não consiga. Onde você consegue explicar o produto, mostrar as qualidades, os atributos, experimentar o produto. Esse é o grande diferencial em relação a outros formatos online".
Live Commerce: um conceito antigo que se reinventa
O apresentador Ciro Bottini ressaltou: "Quando surgiu o ShopTime, eu pensei, estamos evoluindo para entregar produtos na casa de todos os brasileiros. Isso já foi uma mega evolução. E o ShopTime, na época, super inovador, disruptivo. Até hoje, aliás, trazemos uma memória afetiva incrível. Durante o período analógico, pouca coisa mudava, era da natureza da comunicação. Aí veio o digital, veio o YouTube, a conexão. O digital é evidentemente uma evolução sensacional, com muitas ferramentas incríveis para encantar mais o cliente, para chegar nele, para ter uma projeção maior, para impactá-lo de maneira mais eficiente. Eu sinto que a essência da venda, seja no analógico, no digital, na TV, no app da Shopee, ela é a mesma, e um bom produto, bem precificado, que vai ao encontro do gosto do consumidor. E, claro, um bom vendedor que saiba comunicar os benefícios daquele produto e convencer o cliente, encantar o cliente. É uma evolução sensacional, mas a essência se mantém a mesma, encantar o cliente".
"O Live Commerce não é necessariamente uma novidade. Rádios nos anos 40, nos Estados Unidos, já faziam. Isso é algo que já tem quase um século. O mais importante hoje é que a maioria das lives acontecem nos aplicativos. Eu cresci vendo o Ciro vendendo no ShopTime. O que acontece de diferente é que essas lives hoje acontecem no aplicativo de vendas, porque o consumidor não tem mais que clicar, fazer cadastro, sair do site. É só clicar e comprar. Live Commerce nada mais é do que vendas on time, onde o usuário vê o produto, tira dúvidas, tem acesso a descontos", salientou Rodrigo Farah.
IA, automação... o mais importante segue sendo: um bom vendedor
Apesar de todos os receios com o avanço da tecnologia, os palestrantes foram unânimes em afirmar: o bom vendedor será sempre essencial. "A venda calorosa, humanizada, é quando o vendedor olha no olho, consegue se conectar emocionalmente. A venda é um processo emocional, não tem jeito, não é racional, é quando você vai além de falar sobre atributos de produtos, é muito mais. É quando você consegue colocar aquele produto na vida do cliente sem ele perceber, sem ele se sentir enganado, não é o vendedor que empurra, é o vendedor que encanta, se conecta, cria uma identificação. A pessoa gosta quando o vendedor é bom, não fica batendo no preço o tempo todo, é um processo orgânico e natural. Não é fácil, mas é totalmente possível. O vendedor humanizado, que conecta, que sabe vender com uma pegada emocional, esse tipo de vendedor nunca será substituído pelo robô, pela IA. O vendedor, sempre mantendo aquele espírito criativo, humano, caloroso, gente como a gente. Ao vivo tem um ser humano do outro lado, sorridente, simpático, alegre, cativante e pegando aquele produto e testando sem nada falso. É tudo verdade. E ele ainda se conecta com o cliente e a audiência sobe. Quando o cliente gosta do vendedor, ele para pra ver, seja qual for o produto. E se esse vendedor também souber entreter o cliente falando dos atributos e dos benefícios do produto e fazendo a venda com as técnicas certas, gatilhos, fechamento, CTA, vai vender. Porque é muito mais agradável ver alguém mostrando o produto do meu produto estático na tela do computador. Agora, por trás, no backoffice, na tecnologia, a IA já dominou", explicou Ciro Bottini.
Rodrigo Farah pontuou: "O segredo é integrar a inteligência artificial com o ser humano. O brasileiro gosta de ficar no celular, o brasileiro gosta de assistir um bom conteúdo dentro de um aplicativo, e a Shopee oferece isso, mas eu acho que um detalhe sempre importante, que o consumidor de lives também está sempre em procura de um bom preço. Mas é preciso um bom vendedor para realizar esse encantamento, entreter a pessoa, e por trás uma plataforma que ofereça benefícios e facilidades. Quando o cliente sabe que você vai mostrar oferta, oferta, oferta, seja o que for, ele estará sempre ligado no seu canal, esperando", disse Rodrigo Farah, da Shopee.
Dica valiosa: seja multicanal e fidelize"Não adianta falarmos de um aumento do percentual de vendas de Live Commerce dentro do comércio inteiro brasileiro, se não falarmos também do aumento de lives, do aumento das marcas acreditando nesse formato, do treinamento dos vendedores ou das pessoas que representam essas marcas, isso caminha lado a lado. Não depende só do consumidor, depende também das próprias marcas dos vendedores apostarem nesse formato, se prepararem. Não tem uma categoria que se descole, todas vendem muito. Você tem que testar. É por isso que eu indico, não parem
de fazer lives e ver o que o consumidor está gostando. O negócio não é só vender os produtos que estão na live. É atrair gente para a tua marca. Para fidelizar, porque o cara pode entrar na sua live, ver um produto legal, mas não quer aquele produto, só que ele vai navegar na sua loja e comprar outra coisa", disse o head de marca, mídia e social commerce da Shopee.
Ciro Bottini completou: "Se o cliente é multicanal, o vendedor tem que ser multicanal. No digital, offline, TV, loja, faz live, tudo se complementa. O importante é falar com o cliente e encantá-lo, agradá-lo, seja qual for o ponto de contato".
Paulo Drago finalizou: "Se o cliente estiver na frente da loja, talvez ele prefira entrar na loja. Se ele estiver em casa sentado no sofá, talvez prefira comprar online. E olha que é um negócio que depende muito de qualidade, de frescor. Então, pra comprar online sempre achamos que o cliente não ia querer comprar. E o que vemos é que não é assim. Ele também compra e compra bastante nisso. Online só dá para escalar mais. E passa muita segurança, porque a curadoria que fazemos é muito rigorosa pra trazer sempre os melhores produtos pros nossos clientes".
Alerta: esse movimento não vai parar"Eu vi muito que na China o webcomércio é gigantesco, na verdade, no Sudeste da Ásia inteiro. Vemos plataformas de marketplace que vendem mais de 30% do faturamento por meio do webcomércio . A gente espera que até 2030, quase US$ 4 trilhões sejam vendidos, por meio de lives ao redor do mundo, só pra ter uma ideia. É algo que está crescendo, e que no Brasil também está sendo cada vez maior", destacou Rodrigo Farah.
Bottini frisou: "Vendo o panorama de hoje, tendo a acreditar que a coisa só vai crescer. O brasileiro é muito conectado e gosta de ficar no celular o dia inteiro, gosta de ver as pessoas falando de produtos e gosta de comprar. E, o mais importante ainda, cada dia mais empresas acreditam no formato do Live Commerce, fazendo lives todos os dias".
"As taxas são exponenciais, brutais, e provavelmente não vão parar de crescer por alguns anos", encerrou Paulo Drago.
A mensagem é clara: não há mais espaço para não estar ao vivo e próximo do cliente. O Live Commerce ainda está só no começo de sua evolução e é urgente se adaptar à essa realidade. Mesmo com toda a evolução digital, o sucesso no varejo continuará sendo sobre relacionamentos humanos, emoção e experiência e é preciso saber se posicionar nas novas ferramentas.
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