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Preço do café : veja o que o varejo supermercadista deve esperar para 2026

12/12/2025 • Última actualización 3 Días

Economia
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O café percorreu um caminho de alta significativa nos últimos dois anos, impactando diretamente os supermercados e as operações do setor. O reajuste expressivo foi impulsionado por uma combinação de fatores: problemas climáticos nos principais países produtores, queda na oferta nacional, ritmo acelerado das exportações e desvalorização do real frente ao dólar, afetando os custos desde a indústria até as gôndolas.

Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, entre janeiro e novembro de 2025, o café acumulou alta de 36%. O café moído seguiu praticamente estável em relação ao ano anterior, totalizando 75,6% de aumento acumulado em dois anos, enquanto o café solúvel e o tradicional cafezinho subiram 22,66% e 16,70%, respectivamente.

“Se compararmos 2025 com 2024, vamos ver que o preço do café moído se manteve semelhante, enquanto o solúvel e o cafezinho mais do que dobraram. Ainda assim, o aumento acumulado no pó de café é de quase 80% em quase dois anos. É muito alto. Como é uma commodity, quando há expectativa de seca, o preço sobe. Se há chuva, ele se reverte”, explica Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV Agro.

O principal motivo para a manutenção dos preços elevados é o impacto da safra anterior. Em 2024, o clima adverso prejudicou a florada dos cafezais, etapa essencial para definir a produtividade, reduzindo a quantidade e a qualidade dos grãos disponíveis no mercado. A recuperação depende não apenas das chuvas recentes, mas também da capacidade de reposição de estoques e da recomposição da indústria de moagem.

A demanda global também contribui para pressionar preços. Enquanto o consumo no Ocidente se mantém consolidado, países asiáticos registram crescimento contínuo na procura pela bebida. “O café está caindo no gosto e no hábito da sociedade do Oriente. O descompasso entre demanda e oferta mantém os preços em patamares elevados, como vimos ao longo de 2025”, destaca Serigati.

Para o varejo supermercadista, essas variações impactam diretamente a margem e o planejamento de sortimento. Além do café em pó, itens como café solúvel e o tradicional cafezinho, consumidos em padarias e conveniências, sofrem influência do custo da matéria-prima e da inflação de serviços, como aluguel, mão de obra e operação das máquinas de preparo.

Quanto a 2026, os primeiros sinais da nova safra são animadores. A floração das lavouras de café arábica no Sudeste foi favorecida pelas chuvas a partir de setembro, segundo o Cepea. Apesar disso, a previsão é de safra maior, mas não recorde, com produção ainda abaixo do potencial máximo. “Mesmo que seja uma safra maior, há uma demanda crescente e o mercado tem operado de forma apertada nos últimos dois anos. A recomposição industrial ainda será gradual”, avalia Serigati.

Outro fator crítico para o setor supermercadista é a taxa de câmbio. Como o café é uma commodity cotada internacionalmente, qualquer variação do dólar impacta diretamente no preço final ao consumidor. O arábica acompanha a bolsa de Nova York, enquanto o conilon (robusta) é negociado em Londres, reforçando a necessidade de planejamento estratégico para compras e estoques.

“Com commodities precificadas em dólar, se a moeda americana valorizar ou desvalorizar, tudo é afetado. Para o varejo, é fundamental monitorar câmbio, safra e demanda global, porque esses fatores determinam o custo e a disponibilidade do produto no ponto de venda”, finaliza o especialista.

Para redes supermercadistas, a orientação é acompanhar de perto o desenvolvimento da safra, ajustar estratégias de compra e negociar com fornecedores para equilibrar preço, disponibilidade e rentabilidade, garantindo que o café permaneça competitivo nas gôndolas e atrativo para o consumidor final.