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Alívio no carrinho: tarifaço gera queda em alimentos essenciais em agosto. Confira os detalhes

06/10/2025 • Última actualización 2 Meses

Economia
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Durante o primeiro mês de vigência da política tarifária unilateral imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o popular tarifaço, o mercado interno nacional viu, em agosto, quedas de preços em diversos alimentos presentes na lista de tarifação de exportação norte-americana. As análises estão presentes no levantamento "Variações de Preços: Brasil & Regiões", realizado pela Neogrid, que destaca legumes, ovos e carnes vermelhas como os principais responsáveis pelo alívio no carrinho de compras.

Anna Carolina Fercher, líder de Dados Estratégicos na Neogrid, explica que a variação dos preços em agosto está diretamente ligada à taxação de importação dos Estados Unidos: "Como os EUA são um dos maiores compradores de carnes e derivados de soja do Brasil, o 'tarifaço' reduziu o volume exportado, elevando a oferta interna e pressionando os preços para baixo nessas categorias. O efeito não fica restrito à balança comercial, pois impacta diretamente o carrinho de compras dos brasileiros. Para os próximos meses, a expectativa é de que os preços permaneçam estáveis, refletindo uma inflação mais controlada".

Maiores quedas

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A categoria com maior queda no período foi a de legumes, que registrou retração de 6,7% nos preços, influenciada também por melhores condições climáticas, além da maior oferta. Outro destaque foram os ovos, com redução média de 4%. Nas carnes, os cortes bovinos tiveram baixas de até 3,4%, enquanto a carne suína caiu cerca de 3%. Outro produto com queda relevante foi a farinha de mandioca, com dedução de 2,5%.

A líder de Dados Estratégicos da Neogrid analisa: "Produtos com oferta elevada no mercado interno ainda podem registrar quedas adicionais, como os próprios cortes bovinos, carne suína e ovos, que já apresentaram retrações expressivas em agosto. Itens agrícolas, como legumes e farinha de mandioca, também têm espaço para recuos adicionais caso as condições climáticas sigam favoráveis e mantenham a produção elevada".

Maiores altas

Apesar das quedas consideráveis, outros segmentos foram na contramão e apresentaram alta de preços em agosto. O creme dental subiu 1,9%, a margarina 1,7%, o óleo de soja e o sal tiveram alta de 1,6% e a cerveja cresceu 1,2%.

Entre as maiores altas acumuladas neste ano, lideram a lista: o café (tanto em pó quanto em grãos), com subida de 37,6%; margarina, com 6,3%; creme dental, com 5,7%; pão, com 2,1%; e refrigerantes, com elevação de 1,3%.

Anna Carolina Fercher ressalta: "Algumas categorias que registraram alta recente, como margarina, óleo de soja e creme dental, podem ter os preços ajustados caso a oferta aumente ou a demanda desacelere nos próximos meses. Trata-se de um cenário diferente dos produtos com aumentos acumulados mais significativos ao longo do ano, como o café, que tende a manter patamares elevados, refletindo custos estruturais da cadeia produtiva e influência do mercado global".

Impactos para o consumidor e para o varejo supermercadista

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O cenário observado em agosto demonstra como eventos externos, como o tarifaço norte-americano e as condições climáticas, podem gerar efeitos imediatos no dia a dia do consumidor. A redução nos preços de legumes, ovos e carnes não apenas alivia o custo final do carrinho de compras, mas ratifica a grande sensibilidade do mercado interno às mudanças na balança comercial e na oferta de produtos. Em contraponto, a alta em itens como café, margarina e creme dental também mostra que nem todas as categorias seguem o mesmo ritmo, o que reforça a importância de acompanhamento constante das variações de preços.

"Nos próximos meses, a expectativa é que os preços dos alimentos se mantenham relativamente estáveis, o que ajuda a manter a inflação sob controle. Mas é importante lembrar que alguns fatores podem influenciar essa estabilidade, como os custos logísticos, a variação do câmbio, mudanças na demanda internacional e até questões diplomáticas que afetam importações e exportações. No Brasil, as variações climáticas têm um importante papel quando se trata em afetar os desempenhos das safras e gerar oscilações em itens básicos. Ou seja, mesmo com uma tendência de estabilidade, podem ocorrer variações pontuais", frisa a líder de Dados Estratégicos da Neogrid.

Para o varejo abastecedor, os dados reafirmam a necessidade de atenção às flutuações de mercado, aos fatores externos que podem gerar impactos e ao comportamento do consumidor, pontos decisivos para otimização de estoques e estratégias de negociação com fornecedores, para garantir o abastecimento. Ou seja, em outras palavras, o mês de agosto apresentou para o nosso setor uma mescla de alívio e alerta: enquanto algumas categorias têm preços mais acessíveis, outras seguem em trajetória de alta, relembrando o dinamismo e a sensibilidade do mercado aos mais diversos fatores.

Por fim, Anna Carolina aponta caminhos para supermercadistas: "Adotar estratégias mais assertivas de compra e reposição de estoque, priorizando negociações em categorias com expectativa de queda para garantir margens maiores e aproveitar janelas de oportunidade. Ao mesmo tempo, podem planejar promoções e campanhas em itens com preços em alta, ajustando volumes de compra e diversificando fornecedores para mitigar impactos no mix de produtos e manter competitividade".