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A nova lógica da influência no varejo: credibilidade, espontaneidade e confiança

22/10/2025 • Atualizado pela ultima vez 1 Mês

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Conquistar espaço na mente do consumidor, e a sua confiança, sempre foi um grande desafio. Em um mundo de experiências fluidas e intolerantes a jornadas com falhas, essa batalha se torna ainda mais difícil. E uma pesquisa da Nielsen aponta um caminho para o qual o varejo supermercadista deve ter bastante atenção. Investir pesado em publicidade ainda é um trunfo para o setor, mas o poder de convencimento também reside além dos anúncios, ele vem dos próprios clientes.

Segundo o levantamento, 92% dos consumidores confiam mais em recomendações de amigos, familiares e influenciadores independentes do que em campanhas pagas. Esse dado revela um fenômeno que está redefinindo o marketing moderno: o crescimento da mídia espontânea ou earned media, a visibilidade conquistada sem investimento direto em anúncios. Reportagens, avaliações, menções e publicações orgânicas passaram a ter um valor que o dinheiro, sozinho, não compra: a credibilidade.

"Estamos vivendo a era da autenticidade. A influência vai além das redes sociais. Quando um veículo de comunicação ou um cliente satisfeito fala sobre uma marca sem patrocínio, essa validação tem um impacto muito maior do que qualquer publicidade. É credibilidade que se converte em reputação e, depois, em vendas", destaca Beatriz Ambrosio, CEO e fundadora da Mention.

A especialista ainda frisa que esse movimento auxilia também no controle de verbas, já que a espontaneidade não gera custos: "O earned media cria um ciclo virtuoso: visibilidade gera confiança, confiança fortalece reputação e reputação atrai novos clientes. É uma espiral positiva que reduz custos de aquisição e sustenta o crescimento".

Outros dados ratificam a questão. De acordo com a HubSpot, 75% dos consumidores desconfiam da publicidade tradicional. Já segundo estimativas da McKinsey, o marketing boca a boca influencia entre 20% e 50% das decisões de compra. Ou seja, boa parte da influência moderna é construída através de conversas reais.

Esse movimento de valorização da autenticidade e da confiança se conecta diretamente a uma outra transformação em curso: o novo papel da influência na comunicação das marcas.

Você é um influenciador do seu próprio negócio?

O marketing de influência vive uma fase de profunda relevância para diversos negócios, dentre eles o varejo supermercadista. O que antes era visto como ação pontual, ou um complemento tático das campanhas, já se consolidou como parte das estratégias de comunicação. Mas com o amadurecimento dessa atuação, o olhar sobre ela também mudou. Para as empresas, não basta mais somente contratar criadores de conteúdo, é preciso pensar a influência como um ativo estratégico, capaz de gerar valor, construindo confiança e credibilidade ao longo do tempo.

Nesse novo contexto, pode-se destacar duas frentes. A primeira é a parceria com criadores externos, que oferecem repertório, alcance e autoridade digital. A segunda, e cada vez mais relevante para um plano eficaz, é a construção de influência nascida da própria organização, com executivos e líderes do negócio assumindo o papel de influenciadores do próprio negócio.

Criadores de conteúdo: a autoridade digital

É preciso primeiro partir do princípio de que, para o varejo supermercadista, uma audiência é algo que precisa ser conquistado, alimentado e, posteriormente, transformado em valor com conversão em compras. Sendo assim, a audiência baseada em uma atenção comprada irá demandar investimentos contínuos para manter seu alcance. Por outro lado, ao apostar em parcerias com criadores de conteúdo, a construção do vínculo se torna duradoura com o público-alvo, transformando influência em capital simbólico e comercial.

Rafael Kiso, fundador e CMO da mLabs, explica: "O criador de conteúdo é a ponte para transformar essa atenção comprada em uma audiência qualificada, e seu valor transcende o alcance mensurável. A primeira grande recalibragem do mercado está justamente na escolha desses parceiros. A era do 'influenciador de lifestyle' está perdendo espaço para o 'criador de conteúdo', um especialista que gera valor genuíno para um nicho, construindo autoridade e confiança – a moeda mais valiosa no ambiente digital".

Por isso, colaborar de forma inteligente com influenciadores digitais amplia a relevância de maneira orgânica, passando da publicidade para a recomendação, um dos pilares da credibilidade.

Lideranças da organização: os influenciadores dentro do próprio negócio

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Mas é dentro das empresas que está surgindo a frente mais poderosa dessa transformação. A figura das lideranças como influenciadores do próprio negócio vem ganhando força como diferencial competitivo. A lógica é clara: pessoas se conectam com pessoas.

A própria etimologia da palavra "audiência", do latim "audientia", "ato de ouvir", nos lembra que, por trás de qualquer número e algoritmo, há pessoas que se conectam emocionalmente ao que escutam. Nas redes sociais, esse espaço de escuta e diálogo ganhou enormes proporções. Ter um porta-voz humano, acessível e coerente com os valores da marca deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica.

E os dados comprovam a eficácia dessa abordagem. Segundo o LinkedIn, conteúdos produzidos por colaboradores têm até oito vezes mais engajamento do que posts institucionais. Já um estudo publicado no Journal of Advertising mostra que conteúdos que despertam emoção geram 55% mais reconhecimento de marca.

Além disso, relatórios da McKinsey indicam que lideranças que atuam como influenciadores internos ajudam a reduzir custos de marketing e vendas, fortalecendo a confiança com o público e gerando feedbacks valiosos e indicações orgânicas, um motor cada vez mais importante para o crescimento sustentável das empresas.

Rafael Kiso enfatiza: "Esse caminho não é apenas tendência, mas uma necessidade estratégica. A razão é simples: pessoas confiam em pessoas, não em logotipos. Quando um líder compartilha aprendizados, bastidores e visões de mercado, ele transmite uma credibilidade autêntica à organização que representa. E a confiança, antes de qualquer compra, é o ativo mais valioso de uma marca".

Esses líderes constroem autoridade de forma genuína, ampliando o alcance das mensagens e fortalecendo a reputação institucional. Na prática, a influência do líder e da marca passam a caminhar juntas, criando um círculo virtuoso de credibilidade e impacto.

"O maior desafio para a implementação dessa cultura é interno, combatendo a percepção de que essa atividade é mero personalismo. No entanto, quando a criação de conteúdo é intencional e alinhada aos objetivos de negócio, ela se torna o motor mais poderoso de crescimento", alerta o fundador e CMO da mLabs.

Audiência: do aluguel à proprietária

A grande virada de chave para as marcas em 2025 está justamente nesse quesito. Deixar a lógica da audiência alugada e construir uma audiência própria, não dependendo de externos. Para isso, é preciso uma autoanálise, olhar para dentro e perceber que o maior potencial de influência pode estar já sob a estrutura do próprio negócio. A questão que se impõe aos líderes de marketing não é mais se devem investir em influência, mas onde esse investimento trará o maior retorno a longo prazo. A resposta, cada vez mais, está na interseção entre autenticidade, propósito e voz humana.

Como se aproveitar desse cenário?

Essa característica do jogo da influência exige adaptação e uma nova postura do varejo supermercadista. Investir em relações públicas, conteúdo relevante e experiências autênticas é um passo essencial não apenas para aumentar faturamento, mas para conquistar o espaço na mente dos consumidores. Da lembrança virá a indicação e, consequentemente, mais consumo. Cada menção positiva e cada compartilhamento espontâneo são publicidades gratuitas, fornecidas pelo melhor avaliador da operação: o cliente. Isso fortalece a reputação do negócio, traduzida em valor tangível da comunicação de confiança.

Marcas que entendem essa questão constroem laços genuínos com o público, não apenas ampliando sua visibilidade, mas conquistando credibilidade, um ativo que nenhuma verba publicitária substitui.

Oportunidades para o varejo supermercadista
  • Incentive o engajamento orgânico: estimule consumidores a compartilharem experiências positivas nas redes sociais e programas de fidelidade;
  • Valorize vozes locais: crie parcerias com influenciadores regionais;
  • Transforme clientes em porta-vozes: a satisfação espontânea gera reconhecimento. Destaque avaliações positivas e depoimentos reais nos canais de comunicação;
  • Produza conteúdo autêntico: mostre bastidores, histórias de colaboradores, compromissos com valores pautados pelos consumidores e o dia a dia da operação, valorizando o protagonismo humano por trás dos processos. Humanização gera empatia e senso de pertencimento;
  • Fortaleça a presença digital de lideranças: estimule o compartilhamento de aprendizados, práticas de gestão e iniciativas de inovação do setor, em uma narrativa única que traduza valores de forma autêntica e coerente;
  • Capacite colaboradores: treine equipes para atuarem como multiplicadores de reputação e engajamento;
  • Monitores resultados: avalie os impactos das estratégias de influência, mensurando como o engajamento de influenciadores, líderes e equipes contribui para a percepção da marca.

No varejo supermercadista, a confiança e a proximidade sempre foram os bens valioso para um negócio de sucesso. E no universo da mídia espontânea, elas se conquistam um elogio de cada vez, com uma influência que não está apenas nas redes, mas também nas mãos das pessoas que constroem o negócio todos os dias.

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