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IA no Varejo: especialistas apontam riscos, oportunidades e dicas para começar com segurança

15/08/2025 • Atualizado pela ultima vez 3 Meses

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No último dia do Rio Innovation Week, o palco Conecta Varejo recebeu a palestra “Futuro Conectado: Inovação, IA e Segurança na Nova Era Digital”, reunindo nomes de peso para debater os desafios e oportunidades da inteligência artificial no ambiente corporativo. O painel contou com Matheus Zeuch, CIO da SAP Labs Latin America; Paulo Pontes, consultor da Petrobras; e Rodrigo Leite, Lead Scientist da Mastercard, com a mediação de Elifas Vargas, coordenador de curadoria do RIW.

Logo no início, os especialistas destacaram a importância de tratar com atenção a privacidade e segurança dos dados, peça-chave para qualquer solução baseada em IA. Para Matheus Zeuch, o ponto mais crítico é a confiança nos dados utilizados para treinar e operar os modelos:

“Dados são a matéria-prima da inteligência artificial. É preciso garantir que sejam tratados de forma responsável, relevante e segura. Na SAP, trabalhamos há anos com IA e lançamos recentemente o BDC – Instance Data Cloud, pensado justamente para gerenciar dados com confiabilidade.”

Paulo Pontes alertou para um risco conceitual: a falta de compreensão sobre o que é IA de fato. “IA é um termo de mercado para técnicas de análise estatística. É preciso consciência sobre onde ela se aplica, entender que os resultados podem variar a cada execução e que existe uma nova camada de gestão de segurança: não basta controlar quem acessa os dados, é preciso controlar como a IA os acessa, para evitar vazamentos.”

Já Rodrigo Leite reforçou a necessidade de transparência e rastreabilidade nos sistemas: “O usuário precisa saber em quais momentos pode receber uma resposta imprecisa. Além disso, legislações em andamento vão exigir cada vez mais rastrear cada decisão tomada pelo sistema e explicar como ela foi gerada.”

Oportunidades para o varejo

O painel também trouxe exemplos práticos do uso da IA no varejo. Paulo Pontes citou sistemas de recomendação, como os da Amazon, que sugerem produtos com base no comportamento de compra: “Hoje, algoritmos conseguem identificar padrões que antes demandariam equipes inteiras de analistas, com custos inviáveis. Isso impacta diretamente o faturamento.”

Matheus Zeuch mencionou soluções como previsão de demanda, otimização da cadeia de suprimentos e logística, além de casos premiados, que implantaram precificação inteligente com etiquetas digitais, reduzindo o tempo e o custo para atualizar preços.

Rodrigo Leite alertou que, mesmo com ganhos expressivos, é preciso atenção às ambiguidades nas correlações feitas pelos algoritmos, garantindo que as recomendações não gerem riscos para o consumidor.

Aspectos legais e arquitetura dos sistemas

O debate também abordou a LGPD e legislações futuras específicas para IA, inspiradas no modelo europeu. Pontes destacou que pensar em segurança desde a concepção do produto evita retrabalho e passivos jurídicos. Leite acrescentou que, com direitos como o “direito ao esquecimento”, é necessário desenhar sistemas capazes de excluir ou anonimizar dados de forma efetiva, sem comprometer modelos já treinados.

Dicas para quem vai começar a usar IA nos negócios

Para quem está iniciando, os especialistas concordam que atualização constante é essencial. “IA muda toda semana. Novos conceitos, produtos e metodologias surgem o tempo todo. É preciso estar pronto para revisar processos e adotar novas ferramentas”, disse Paulo Pontes, citando o exemplo recente do Crew AI, que cria múltiplas IAs para trabalhar de forma colaborativa.

Zeuch recomendou buscar parcerias estratégicas com empresas que ofereçam acesso seguro a múltiplos modelos de IA e recursos de teste, como a plataforma BTP da SAP, que integra 35 modelos homologados com camadas de segurança e anonimização de dados.

Já Rodrigo Leite ressaltou que, apesar do fácil acesso a tecnologias avançadas, entender os fundamentos técnicos é indispensável: “Ter acesso a uma Ferrari não significa saber dirigir. Sem noções básicas de como os modelos funcionam, aumenta-se o risco de erros e falhas de segurança.”

O aprendizado que fica é: devemos nos atualizar sobre o tema, estudar as melhores ferramentas para os negócios e estar sempre atento às opções que surgem no mercado. Afinal, a IA, bem utilizada, traz benefícios incríveis para o varejo e não devemos deixá-la de lado. Pelo contrário, devemos explorar da melhor forma.

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