Recuperação de Clientes

Reconquistar clientes: ação estratégica para faturar e fidelizar

18/11/2025 • Atualizado pela ultima vez 17 Dias

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Um desafio constante para qualquer supermercadista é conquistar novos consumidores, ainda mais considerando o mercado extremamente competitivo. Porém, um plano específico tem um potencial enorme: reconquistar os inativos. Recuperar esses clientes e fidelizá-los pode ser mais estratégico do que apostar em um novo público, porque esses consumidores já tiveram contato com a marca e, em algum momento, confiaram na proposta de valor da empresa.

E os dados corroboram essa afirmação. Segundo levantamento da Rock Encantech, 11% dos consumidores tendem a desaparecer a cada três meses. Por outro lado, 65% do faturamento de uma loja pode vir de clientes-chave, desde que estejam fidelizados.

Quem são os clientes inativos?

Antes de pensar em ações de recuperação, é essencial compreender quem são os clientes inativos da loja. De forma geral, são considerados inativos aqueles consumidores que pararam de interagir com a marca dentro de um período fora do padrão esperado de recompra.

No varejo supermercadista, não existe um padrão único, já que o tempo de inatividade varia conforme a categoria e o ciclo de compra. Por isso, o critério de inatividade deve considerar o histórico da base de clientes e o ticket-médio.

Ou seja, compreender os motivos do afastamento do consumidor e traçar estratégias de reconquista é fundamental.

Um dos principais erros, é tratar o cliente inativo como um número perdido, e não como um relacionamento interrompido, como explica Anderson Ozawa, CEO da AOzawa Consultoria: “Esta visão muda todo o jogo. É necessário parar com a tática de mandar ofertas genéricas e frias, com a premissa de que a inatividade do cliente é causada por preço. Na verdade, o problema é conexão”.

“Outro erro recorrente é a ausência de uma estratégia contínua de reativação. A maioria dos supermercadistas faz campanhas pontuais, reativas, sem diagnóstico prévio e no final, gera apenas ruído e não um resultado efetivo com os clientes. A estratégia de reengajamento exige inteligência emocional e constância estratégica, não desespero promocional”, complementa Anderson Ozawa.

Valéria Rodrigues, CEO da Shopper Experience, também destaca: “O varejo supermercadista tem oportunidade, através de cadastro e monitoramento de transações, analisar dados e criar estratégias de reativação e fidelização. Compreender quais são os hábitos de compra e cesta de seus clientes permite construir análise de dados transacionais identificando recorrência de compra e abandono. Segmentar a base de clientes e oferecer produtos relevantes para cada perfil será fundamental para o resgate”.

Por que vale investir na recuperação?

Investir na retenção e na recuperação de consumidores é mais eficiente do que focar apenas na aquisição de novos clientes. Clientes fidelizados tendem a apresentar ticket médio mais elevado, além de já possuírem um histórico de relacionamento, o que facilita a criação de ofertas relevantes e personalizadas.

Outro fator importante é o aspecto emocional: consumidores recuperados costumam ser mais leais, pois percebem o esforço da marca em reconquistá-los.

No cenário atual do varejo, marcado por alta competitividade e custos crescentes de mídia digital, deixar de investir em estratégias de recuperação significa perder oportunidades valiosas de receita e engajamento.

Porém, é preciso cuidado com a solução adotada e a forma de se comunicar.

“Não há uma solução única. O importante é estabelecer a multicanalidade no contato com seus clientes, criar uma régua de comunicação consistente e identificar para cada perfil e objetivo de comunicação o canal mais eficaz”, ressalta Valéria Rodrigues.

Anderson Ozawa enfatiza: “O segredo não é o canal, mas a intenção da mensagem utilizada. Atualmente, o cliente percebe rapidamente quando é chamado por cuidado, e não por algoritmo, de forma generalista”.

Também é preciso ter cuidado com o “limite” de cada cliente, alerta Anderson Ozawa: “O respeito é a fronteira entre insistência e incômodo.  O cliente precisa ter opção de escolha, como por exemplo, decidir com que frequência e por quais canais querem ser contatado. Marcas maduras entendem o ‘não’ como parte do processo e utilizam este dado para melhorar seu relacionamento com o cliente. Forçar contato é sinal de desespero, de venda a qualquer custo e por outro lado, esperar o tempo do cliente é sinal de inteligência relacional, que é mandatória hoje nas estratégias de conexão com os clientes”.

Valéria Rodrigues completa: “Importante monitorar os sinais de desinteresse (não abertura de mensagens) e construir uma régua de relacionamento que seja adequada em formato e conteúdo (informações relevantes)”.

O papel do CRM na reconquista

O CRM (Customer Relationship Management) é uma ferramenta essencial nesse processo. Nele ficam armazenados dados como frequência de compras, categorias preferidas, canais de interação e informações demográficas.

Com esses dados, o varejista pode mapear clientes inativos, segmentar perfis e desenvolver campanhas personalizadas. Um CRM bem estruturado transforma dados em inteligência de relacionamento, permitindo uma atuação mais proativa e assertiva.

“Programas de fidelidade integrados ao CRM da empresa, criam a sensação de continuidade, onde o cliente percebe que sua história e seus benefícios não foram esquecidos e sim, fazem parte da sua conexão positiva com o supermercadista. Os programas de fidelidade devem representar mais do que acúmulo de pontos, uma vez que seu objetivo deve ser o reconhecimento e relacionamento individualizado. Para estes casos, a reativação ocorre quando o cliente sente que ainda é parte de algo, não um dado arquivado que é acessado apenas nos momentos em que o varejista precisa vender mais, como finais de semana e épocas sazonais”, salienta Anderson Ozawa.

Estratégias para reconquistar clientes

Uma vez identificados os clientes inativos, o varejo pode colocar em prática diferentes ações para reaproximá-los, com foco em alguns pontos específicos.

Valéria Rodrigues frisa: “Para compreender a melhor abordagem emocional ou gatilhos para reconquista, é fundamental conhecer através de pesquisa o perfil de seu cliente. Compreender, além de seus hábitos de compra, os seus valores e expectativas em relação ao varejo supermercadista é fundamental. Como exemplo, diferentes gerações e classes sociais tem expectativas especificas e demandam abordagens únicas. Algumas abordagens como reconhecimento do cliente e valorização; oferta de benefícios exclusivos e humanização da relação costumam ter efeitos positivos em diferentes perfis de clientes”.

“Quando o assunto é relacionamento com cliente, cuidado é o novo diferencial competitivo. O cliente volta quando percebe que foi lembrado com propósito, e não com planilha, de uma forma automatizada e robótica. A percepção de cuidado reconstrói a confiança do cliente e reduz o atrito emocional, pois no fundo, o cliente quer sentir que a marca o conhece de verdade e mais do que isso, que se importa”, finaliza Ozawa.

1. Campanhas de e-mail

O e-mail continua sendo uma ferramenta eficaz de reengajamento. Mensagens personalizadas e acolhedoras ajudam a despertar o interesse do consumidor.

“As campanhas de reconquista devem ativar emoções nos clientes, não só descontos. De acordo com estudos, os gatilhos mais poderosos são pertencimento, nostalgia e exclusividade, onde mensagens como ‘Sentimos sua falta’ ou ‘Você faz parte da nossa história’ despertam memória afetiva. Esta estratégia é muito mais eficaz que “volte e ganhe 10%”. Novamente, o cliente retorna quando sente que a marca o reconheceu, não quando o pressionou. Essa sutil diferença faz toda a diferença”, evidencia Anderson Ozawa.

2. Ofertas exclusivas e personalizadas

Clientes inativos precisam de um incentivo real para voltar. Descontos exclusivos e condições diferenciadas são estratégias poderosas, desde que baseadas em dados reais de consumo.

Mais do que oferecer o menor preço, a ideia é criar uma sensação de valorização e privilégio, reforçando o vínculo com a marca.

3. Automação baseada em comportamento

A automação, apoiada por inteligência artificial, permite criar fluxos automáticos que reagem ao comportamento do cliente.

Por exemplo: se o cliente não compra há 45 dias, o sistema pode enviar um cupom de desconto válido por sete dias. Caso ele não utilize, uma segunda oferta pode ser disparada, com condições ainda mais atrativas. Essa abordagem garante consistência e agilidade, sem perder oportunidades.

“O ideal é a combinação destes tipos de automação com objetivos distintos e complementares: baseadas em comportamento e em tempo. As de comportamento tendem a ter taxa de abertura maior desde que tenham conteúdo relevante para o cliente alvo. Isto é possível através da observação de seu histórico de compra e estruturação de mensagens direcionadas para call to action. Já as baseadas em tempo podem ser uteis para dar suporte à criação da régua de relacionamento trazendo consistência ao fluxo”, explica Valéria Rodrigues.

Anderson Ozawa completa: “Buscar o equilíbrio é fundamental. A automação é o cérebro, o racional e a humanização são o coração, o sentimento. O equilíbrio está em usar dados para personalizar (emoção), não padronizar (racional). A tecnologia deve ter como objetivo disponibilizar tempo para que as pessoas possam atender melhor, e não significa substituí-las. O cliente percebe quando há sentimento por trás da mensagem e é justamente isso o que diferencia marketing de relacionamento de marketing automático. Devemos sempre lembrar que é sobre um ser humano se relacionando com outro ser humano, com o processo operacionalizado por uma automação”.

4. Análise preditiva

Entender por que o cliente deixou de comprar é parte fundamental do processo. A análise preditiva, apoiada em IA, ajuda a identificar padrões que levam à inatividade. Entre os motivos mais comuns estão:

  • Problemas na experiência de compra;

  • Atração por ofertas da concorrência;

  • Mudanças no perfil de consumo.

5. Monitore resultados

Com esses insights, o varejista pode ajustar estratégias e corrigir falhas internas, tornando o relacionamento mais alinhado às expectativas do consumidor. Mas é preciso acompanhamento para confirmar a efetividade das estratégias, reforça Valéria Rodrigues: “Importante monitorar a taxa de reativação, clientes que voltaram a comprar ou interagir, sua frequência de compra, ticket médio, engajamento com a comunicação (abertura, cliques) e NPS. Além destes indicadores nesta amostra de clientes inativos a serem reconquistados, é importante observar atentamente os sinais de abandono ou inativação na base geral com objetivo de comparar com os índices históricos e analisar sinais de diminuição nas taxas de inatividade”.

Reconquistar é uma oportunidade

Clientes inativos não devem ser vistos como perdas definitivas, mas sim como oportunidades de reconquista e fidelização.

Com o apoio da tecnologia, do CRM e de estratégias bem direcionadas, o varejo pode transformar antigos clientes em defensores da marca, fortalecendo o relacionamento e impulsionando os resultados.