calendario supermercado asserj

Varejo supermercadista entra em 2026 com perspectiva de aceleração — saiba por quê

11/12/2025 • Atualizado pela ultima vez 15 Horas

Comportamento & tendência
calendario supermercado asserj

O ano de 2026 chega impondo ao varejo supermercadista um desafio clássico: transformar os feriadões, Copa do Mundo e Eleições em estratégia — e não apenas em expectativa. Depois de um 2025 marcado por oscilações significativas, o setor inicia uma nova jornada em meio a contrastes, mas também com oportunidades claras de aceleração em categorias essenciais para as lojas.

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o varejo apresentou um comportamento irregular ao longo de 2025. Em setembro, houve um recuo de –0,3% frente ao mês anterior (com ajuste sazonal), enquanto março registrou avanço de 0,8%, alcançando o melhor nível da série histórica.

No caso da receita dos supermercados fluminenses, medida pelo volume de vendas, houve queda de 0,1% em termos reais — ou seja, já descontada a inflação — na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar da baixa, o setor acumulou alta de 0,9% entre janeiro e setembro e crescimento de 1% no somatório dos últimos 12 meses, ambos também em valores reais.

Esse cenário refletiu o que especialistas classificam como um “ano de volatilidade”, marcado por crédito ainda seletivo, inflação setorial em ondas e um consumidor mais disciplinado. Análises de CNC, FGV Ibre e Ibevar, ao longo de 2025, mostraram desempenho desigual entre segmentos, com bens duráveis e categorias dependentes de financiamento apresentando retrações em meses específicos.

No varejo supermercadista, relatórios de consultorias e entidades do setor indicam um movimento interessante: o fortalecimento das redes regionais, que expandiram participação em diversas praças por meio de logística mais eficiente, ofertas personalizadas e maior capacidade de leitura do comportamento local. Para os analistas, esse avanço evidencia a descentralização da competitividade — e um ambiente em que a precisão operacional se torna fator determinante.

Entre os consumidores, 2025 foi marcado por busca intensa por preço, praticidade e confiabilidade. O digital manteve força, mas o atendimento físico voltou a ganhar protagonismo em cidades médias e no interior — algo que impactou diretamente o varejo supermercadista, cuja capilaridade segue sendo vantagem estratégica.

Para Ricardo Nunes, especialista em varejo, o comportamento do consumidor em 2025 revela uma mudança estrutural: “O desempenho oscilante reflete não apenas o ambiente macroeconômico, mas também a maturidade do consumidor, que hoje compara mais, espera mais e compra de forma muito mais planejada do que há cinco anos”.

Ele reforça que essa busca por confiabilidade e disciplina nas compras acelerou transformações internas nas operações: “Quem não ajustar processos, estrutura e relacionamento com o cliente ficará pelo caminho”.

Perspectivas para 2026: oportunidades estratégicas para o varejo supermercadista

Economistas do varejo e consultorias especializadas projetam que 2026 pode trazer um ciclo de melhora gradual, condicionado ao ritmo de redução dos juros e à trajetória de recuperação da renda real.

Além das variáveis macroeconômicas, o calendário será decisivo: a Copa do Mundo cria um ambiente de consumo historicamente favorável às categorias de maior giro no varejo supermercadista, incluindo bebidas, alimentos para conveniência e indulgência, churrasco, itens sazonais, produtos para reunir a família e até eletroportáteis de tíquete médio.

Embora ainda não haja indicadores consolidados para medir o impacto esperado em 2026, especialistas apontam que o segundo trimestre deve concentrar o maior movimento.

Para Nunes, o evento cria um “momento de renovação de equipamentos e de fortalecimento das vendas em categorias ligadas ao entretenimento do lar”, ao mesmo tempo em que alerta para a necessidade de cautela: “O efeito existe, mas não deve ser tratado como gatilho automático. Depende da renda, do crédito e da confiança do consumidor”.

Categorias com melhor perspectiva de crescimento no varejo supermercadista em 2026

  • Bebidas alcoólicas e não alcoólicas — historicamente impulsionadas em anos de Copa.

  • Snacks, conveniência e indulgência — crescem em eventos esportivos, combinando ocasião e aumento do consumo domiciliar.

  • Carnes, churrasco e itens sazonais — categorias com forte impacto promocional e alta elasticidade em datas de grande audiência.

  • Eletroportáteis de tíquete médio — como fritadeiras, televisores de entrada e itens para preparo rápido, desde que preços se mantenham estáveis.

  • Produtos de bem-estar e esportivos — acompanhando a retomada gradual da confiança e tendências de estilo de vida.

    Categorias que exigem atenção e gestão mais rigorosa:

  • Móveis e eletrodomésticos maiores — seguem sensíveis ao crédito e podem ter ritmo mais moderado.

  • Moda e vestuário dentro do canal supermercadista — dependem fortemente da renda disponível.

  • Produtos de alto tíquete geral — exigem estratégias cautelosas de sortimento e exposição.

2026 será um ano de execução — não de aposta

Depois de um 2025 heterogêneo, o varejo supermercadista entra em 2026 diante de oportunidades reais, mas seletivas. O cenário demanda precisão operacional, inteligência analítica, rigor na gestão de estoques e comunicação clara de valor — especialmente em categorias aquecidas pela Copa.

“Não há atalhos”, afirma Nunes. “O varejo que prosperará em 2026 é aquele que unir disciplina comercial, gestão de estoque inteligente e relacionamento real com o consumidor”.