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ASSERJ antecipou! IPCA-15 confirma queda do preço do café em julho

25/07/2025 • Última actualización 4 Meses

Economia
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"Diz o ditado que quem avisa, amigo é. E nós aqui da ASSERJ já havíamos alertado no início deste mês: a tendência era de queda do preço do café. Dito e feito. O IPCA-15 confirma nossa análise!"

A fala do presidente da ASSERJ, Fábio Queiróz, não é para menos. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 25 de julho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do café caiu 0,36% em julho. Essa é a primeira queda em 18 meses, de acordo com a prévia da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). A última baixa no preço do item, no IPCA-15, foi em dezembro de 2023. O índice mede a variação de preços entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês da divulgação.

No geral, o IPCA-15 registrou inflação de 0,33% em julho. O grupo de Alimentação e Bebidas teve queda de 0,06%. Essa foi a segunda baixa consecutiva do setor. Além da retração do café, chamam atenção as deflações da batata-inglesa (-10,48%), da cebola (-9,08%) e do arroz (-2,69%).

ASSERJ já havia alertado!

No inicio deste mês, a ASSERJ já havia destacado que após consequentes períodos de alta, uma das grandes paixões nacionais do brasileiro apresentaria retração nos preços. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em junho o café registrou quedas expressivas no mercado nacional e chegou aos menores índices em meses.

Na ocasião, Claudio Moraes, professor de Finanças do Coppead/UFRJ, pontuou: "O café, como commodity, está sujeito às flutuações da oferta e da demanda. A expansão da produção, particularmente no Vietnã, e outros fatores globais, como crises climáticas, levaram a uma redução nos preços globais do café. Essa queda pode ser temporariamente revertida por eventos como perdas significativas nas safras ou outras questões ambientais".

"Após um início de ano – primeiro quadrimestre – marcado por retração no consumo, especialmente, em março e abril, o mercado de café no Brasil dá sinais de recuperação. O mês de junho apontou para uma retomada das vendas, impulsionada por fatores sazonais como a queda nas temperaturas e, também, por uma reorganização natural do mercado com condições mais favoráveis e, por consequência, possibilidades dos preços se ajustarem melhor aos estilos de cafés e perfis de consumo", destacou Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC).

Cenário de oportunidades para o varejo: estratégia é fundamental

Na esteira das flutuações de mercado, Moraes analisou que o momento pode ser positivo para o bolso do consumidor: "No Brasil, essa dinâmica de preços pode impactar a inflação, potencialmente aliviando os custos para o consumidor. Contudo, os produtores brasileiros podem enfrentar uma diminuição em suas margens de lucro, uma vez que, como tomadores de preço em um mercado de commodities, não controlam diretamente o preço do café".

"O café, mais uma vez, demonstra sua resiliência, ao mesmo tempo que o consumidor brasileiro reafirma sua paixão pela bebida, que volta a escolher suas marcas preferidas, principalmente, nas regiões onde o valor da cesta básica recuou. Essa movimentação amplia o espaço para o consumo de qualidade, sem necessidade de substituições ou restrições", ressaltou o diretor executivo da ABIC.

Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ, avalia que o atual contexto do café aponta para um horizonte de novas oportunidades para o setor do varejo supermercadista: "Ao longo dos últimos meses, acompanhamos uma disparada nos preços que pressionou as margens de toda a cadeia. Hoje, temos condições reais de repassar essa redução ao consumidor final, fortalecendo o poder de compra e a fidelização nas nossas gôndolas, com qualidade e transparência".

"O cenário representa uma oportunidade estratégica. É possível criar promoções e campanhas que reforcem o café como destaque em comunicação de ‘bom preço’. Uma estratégia bem definida pode levar a um aumento do fluxo de clientes nas lojas, afinal, ofertas atrativas tendem a trazer mais consumidores, gerando possibilidades de cross sell incrementando a venda com itens complementares", frisa Queiróz.

Atenção ao futuro!

"O contexto atual é volátil e de curto prazo, sendo necessário um período mais extenso de análise para determinar mudanças consistentes no comportamento do mercado", alertou o professor do Coppead/UFRJ.

Inácio projetou: "É possível projetar um crescimento moderado para o segundo quadrimestre. A expectativa da ABIC é de que, mantido o atual cenário, o mercado interno volte a registrar índices positivos, especialmente, nas categorias tradicionais e extra forte que representam a maior parte do volume vendido".

O presidente da ASSERJ indicou: "Vemos uma janela de oportunidades para o varejo supermercadista, mas também um contexto de desafio para produtores. É um momento para reforçar parcerias com a indústria e fornecedores, negociando volumes e prazos. Ciente dos impactos climáticos — que preocupam a safra 2026 —, precisamos continuar atentos e agir de forma proativa, garantindo estoque e boas ofertas aos consumidores".