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É bom pra cachorro! Como "mercado pet" é uma grande oportunidade para o varejo supermercadista

27/10/2025 • Last updated 1 Month

Comportamento & tendência

Um segmento com cifras em bilhões de reais, potencial de expansão elevado e margens expressivas diante da realidade do varejo abastecedor. Esse é o mercado pet, que desponta como uma janela de oportunidade extremamente relevante para supermercadistas.

De acordo com dados recentes da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) e do Instituto Pet Brasil (IPB), o setor movimentou R$75,4 bilhões em 2024, uma alta de 9,6% em relação ao ano anterior. Com projeção de faturamento na ordem de R$ 78 bilhões apenas neste ano, o mercado pet brasileiro já se consolidou como um dos setores mais dinâmicos da economia nacional. E a base de "clientes" é ampla e diversificada. Segundo estimativas, são 170 milhões de animais, entre cães, gatos, aves e peixes no Brasil. Apenas para ilustrar esse cenário, de acordo com o Governo Federal, são aproximadamente 62,2 milhões de cães e 30,8 milhões de gatos. A penetração nas residências ultrapassa 76%, sendo que 44% dos lares possuem cachorros e 21% felinos. 

A relevância demográfica dos animais de estimação demonstra a magnitude da oportunidade para o varejo supermercadista, especialmente diante do atual contexto de transformações sociais no país e, somado a isso, da ausência de uma liderança consolidada no segmento, atraindo ainda mais às atenções daqueles que enxergam o potencial de estruturar suas operações para ampliar a presença nesta categoria em franca expansão.

Impulso no consumo: a mudança no perfil das famílias

Segundo dados do último Censo do IBGE, o número de nascimentos nos últimos anos está em queda contínua, alcançando o menor patamar desde 1977. Com famílias menores, cresce o papel afetivo dos pets na sociedade. Celebrar aniversários e promover cuidados especiais com os bichinhos tornou-se comum, hábitos impulsionados ainda mais pelas redes sociais, evidenciando a humanização dos animais e o consequente aumento do consumo.

Esse movimento tem impactado setores variados, incluindo o varejo supermercadista, como a iniciativa do "Selo Pet", liderada pela ASSERJ, que permitiu a adoção de políticas "Pet Friendly", oferecendo experiências mais acolhedoras e reforçando a necessidade de ambientes preparados para atender tutores e seus companheiros.

Nos supermercados, essa tendência pode ainda se traduzir na ampliação de corredores dedicados e em um sortimento mais sofisticado, que inclui ração premium, itens de higiene, brinquedos e acessórios. A alimentação segue como o principal motor de faturamento do setor pet, respondendo por 55% do gasto médio mensal dos brasileiros com seus animais, hoje estimado em R$ 350 por família.

Nova dinâmica: competitividade em alta

Tradicionalmente dominado por pequenos e médios pet shops, clínicas veterinárias e comércio eletrônico, o varejo pet encontra um concorrente em ascensão. O varejo abastecedor já representa 7,5% dos canais de venda (6,5% do e-commerce), mas detém somente 4,2% do mercado total pet, o que indica uma margem significativamente relevante de crescimento, principalmente, por estar apoiada na capilaridade das lojas físicas e no fluxo constante de consumidores.

As margens do segmento pet reforçam a janela de oportunidade que se apresenta para as redes supermercadistas. Produtos como acessórios podem alcançar margem bruta de até 120%, serviços chegam a 85% e alimentação 50%. O efeito sobre o ticket-médio das compras no supermercado é imediato quando o consumidor passa a integrar itens para os pets no hábito de consumo. 

Experiência: engajamento em foco

Para além das vendas, a experiência é o ponto chave. Dinâmica já estabelecida dentro do dia a dia do varejo supermercadista, mas que pode ganhar novas formas com um olhar mais atento para o mercado pet. Feiras de adoção, campanhas de vacinação, ações educativas e doações a abrigos reforçam o vínculo emocional com os donos de animais, fortalecendo o posicionamento e o valor percebido das marcas. 

A oferta de serviços especializados, com um atendimento completo, também pode ser um diferencial relevante, reforçando o papel do varejo supermercadista como ponto de conveniência e cuidado. Para isso, estratégias de comunicação no PDV e nos meios digitais são essenciais, mostrando que é possível encontrar tudo o que precisa para o animal no mesmo local onde o consumidor faz suas compras habituais.

CRM: alavanca para fidelização

A gestão de CRM desempenha papel decisivo no crescimento da categoria no âmbito do varejo supermercadista. Por meio do cadastro em aplicativos ou programas de fidelidade, os consumidores podem receber benefícios como descontos direcionados, enquanto o varejista coleta informações estratégicas sobre comportamento de compra.

Com os dados estruturados, é possível identificar perfis específicos, incluindo os clientes que consomem produtos pet com regularidade. O envio de ofertas exclusivas, personalizado para cada perfil, potencializa a fidelização, aumenta a recorrência e melhora a experiência de compra.

Promoções específicas e programas de descontos direcionados a essa categoria tornam o ambiente ainda mais atraente para os consumidores.

Estratégia e olhar futuro: um mercado a ser explorado

O engajamento emocional promovido pela humanização dos pets, aliado à sinergia operacional dos supermercados, forma um ambiente propício para o crescimento sustentável da categoria. O varejo supermercadista pode se posicionar, portanto, para assumir um papel ainda mais relevante neste setor, combinando expertise, conveniência e estratégia. Inclusive, uma pesquisa recente da ASSERJ sobre os interesses do consumidor na Black Friday dentro dos supermercados revelou que para 12,9% dos clientes, o segmento que mais atrai é justamente o pet.

Em um setor sem domínio estabelecido, quem souber unir portfólio robusto, experiência qualificada e relacionamento com o cliente tem caminho aberto para liderar essa evolução.