
Consumo de bebidas alcoólicas: após casos de metanol, supermercados reforçam papel de canal seguro

Os recentes casos de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas falsificadas provocaram uma mudança imediata no comportamento de compra dos consumidores. A ampla repercussão na mídia acendeu um alerta entre os consumidores, afetando diretamente o desempenho da categoria no varejo supermercadista. O fato, porém, reforçou um outro traço do nosso segmento junto ao cliente: o reconhecimento como um canal seguro de compra.
Segundo levantamento da Rock Encantech, realizado entre 27 de setembro e 19 de outubro, as reduções foram expressivas, principalmente entre a subcategoria dos destilados. Segundo Fernando Gibotti, vice-presidente de Inteligência e Mercado da Rock Encantech, o momento exige atenção redobrada do setor supermercadista: "Diante dos casos de contaminação por metanol, há uma queda momentânea de confiança do consumidor. Para o varejo, o momento exige transparência ativa e reforço da credibilidade: mais do que preços atrativos, é essencial comunicar a origem garantida das bebidas, com fornecedores certificados e processos auditáveis. Internamente, manter o controle rigoroso das informações de procedência facilita respostas rápidas em caso de fiscalização e fortalece a segurança operacional".
Supermercado: porto seguro do consumidor
Apesar dos números impactados por uma maior precaução do consumidor, o fator credibilidade pode ser destacado sobre os supermercados, especialmente quando se fala de consumidores fidelizados.
Nos supermercados, a queda de faturamento e volume da categoria foi menor do que em outros canais, reforçando que o cliente percebe o varejo supermercadista como o canal mais confiável para realizar suas compras, especialmente em momentos de incertezas sobre produtos.
A análise demográfica referenda essa conclusão. Consumidores acima de 40 anos reduziram o gasto médio, mostrando cautela. Porém, o público mais jovem, entre 19 a 39 anos, adotou postura distinta, com leve queda no gasto médio, mas um aumento na quantidade de itens por compra.
"Esse comportamento sugere que o público mais jovem passou a considerar o supermercado um ambiente mais seguro para adquirir bebidas, optando por produtos mais acessíveis, como bebidas mistas e cervejas. Isso explica o aumento de volume sem impacto expressivo no ticket-médio", analisa Fernando Gibotti.
Black Friday: momento de impulsionar a retomada
Mesmo com o cenário adverso, a categoria de bebidas segue como uma das mais estratégicas para as grandes datas promocionais. Na Black Friday do ano passado, em comparação com a de 2023, por exemplo, os destilados representaram 13% do faturamento da cesta típica, com crescimento de 13% em faturamento e 46% em volume, enquanto as cervejas tradicionais tiveram participação ainda maior, de 33% do faturamento, com salto de 49% em valor e 62% em volume, de acordo com dados da Rock Encantech.
Para Fernando Gibotti, aproveitar a sazonalidade será decisivo para o varejo supermercadista, principalmente nas lojas físicas: "Com a confiança abalada, a loja física ganha ainda mais relevância como âncora de credibilidade. É uma excelente oportunidade para reforçar junto ao cliente, de forma clara e visível, que o supermercado onde ele compra diariamente é um ambiente seguro e confiável. Assim, aceleramos a recuperação da categoria e fortalecemos a marca no período que antecede as principais datas do varejo".

